terça-feira, 25 de agosto de 2009
Acordou com o ruído de uma porta que se fechava pesadamente, lá embaixo, no térreo. Demorou um pouco a se lembrar do lugar onde estava, de estômago embrulhado. Ouviu som de música suave. Tentou olhar à janela. Não viu nada além de um telhado onde havia algumas frestas de luz verde.
Ficou curioso. Não sabia se o galpão pertencia ou não à casa de Marie. Sentia sede. Desceu para procurar a copa. No pé da escada um abajur enorme, aceso, mostrava duas portas. A primeira, à esquerda, devia ser a passagem para a copa, mas foi a segunda que chamou sua atenção. O ruído que o acordou devia ter vindo dela, porque era pesada.
Forçou a fechadura. Teve dificuldade para abrir, mas não estava trancada. Abriu. Sentiu-se invadido por uma luz verde brilhante que por um momento o fez sentir-se cegado. Dentro da sala não havia muita coisa, apenas uma pequena lareira acesa por um fogo estranhamente esverdeado e ao seu lado, uma velha cadeira de balanço guardando um pequeno alçapão, tão pequeno que quase não podia rastejar-se pelo pequeno túnel.
Finalmente saindo do estreito túnel, depara-se com uma vista no mínimo assombrosa: pequenos homenzinhos carregando quilos de esmeraldas retiradas do fundo da terra, de túneis ainda mais profundos e estreitos do que o que ele acabara de percorrer.
Cético como é, demorou um pouco até acreditar que encontrara duendes. Para ele, aquilo não bastava de um sonho, um devaneio... Loucura talvez... Mas não, ele sabia no fundo o que realmente encontrara. A estranha música então ressurge, mais duendes voltavam do jardim, repletos de trevos e iluminados pelo brilho das esmeraldas.
Era uma estranha cena. O brilho esverdeado espalhado levemente pela saleta, acompanhado pelo ritmo hipnotizante da melodia e os movimentos cadenciados dos duendes. Foi sentindo-se cada vez mais leve, porém sendo sugado lentamente pelo chão, sem reação. Efeito do sono? Não seria o jantar improvisado por Marie? Não... Segundo ele, apenas uma mera alucinação causada pelo repouso na velha cadeira de balanço, aquecido por uma lareira com chama esverdeada pela iluminação dos faróis da avenida abandonada...
C.S.Stanquini; 03/09/07.
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